Colaboradores

segunda-feira, 29 de dezembro de 2014

Recordações e autoestima lúgubres


A cada porta aberta incontáveis são trancadas
E nada é tão infernal quanto a exigência em demasia
A cada segundo o fato se concretiza como construções arcaicas
enquanto o nariz forma reservadas sensações de abatimento e euforia

A estação é de sensatez em sua indenidade
Entender que moral e ética formam-se como um filho primogênito
O perfeccionismo (termo vulgar) do caráter leva à demência
Os gatos negros observam como juízes, aguardando apenas por um disparo ou nylon

O peso é demasiado para conduzi-lo
Histórias mal relatadas fabricam a inventividade desumana
Recordações que o tornam o único e exclusivo erro
Uma despesa única; ominosa

Lírios e papoulas ornamentam uma grande avenida
E os corvos, com seus olhares negros, conduzem uma multidão e uma caixa
contendo um fantoche que um dia foi um servo de uma sociedade prostituída
É o fim das palavras impensadas; da falsa felicidade e do falso bom humor

Prantos, compunções e sorrisos fazem parte da caminhada como se a mesma
fosse ter sua chegada em um boteco de esquina
Não há preocupação alguma em manter relembranças felizes
Afinal de contas, tolo é aquele que confia em comportamentos universais dissimulados

A cada flor e sorrisos lágrimas descartados durante o ato final,
Uma pá de cabo longo e uma colher de pedreiro transformam-se
como os pincéis de pintores como Caravaggio, Goya e Gustav Klimt
O desfecho, a última terra batida pela pá, encerra-se com as cordas de sustentação

E  o som do verdadeiro (?) amor possui a doçura e a pureza da sinceridade (disfarce)

sábado, 6 de dezembro de 2014

O Barroco Moderno

As pedras carregam histórias de flagelos
A cada ladeira, pisamos no passado e no presente
O pé esquerdo no sofrimento e o direito nas novas perspectivas

Um anjo esculpido em pedra-sabão observa com cuidado
os novos residentes em suas vidas pós-moderna
Correntes arrastadas em pés calejados e calcanhares molestados

As igrejas, que um dia abençoaram o passado, se tornam lembranças turísticas
Visitas sem conhecimento ou interesse: puro senso de oportunidade
Tão comum em cidades barrocas e seus turistas

Uma igreja com um cemitério acoplado a mesma
Cospe a história através de seus personagens
São adornos criados para embelezar
os momentos respeitáveis

E os becos, íntimos, presentes,
que suportaram conversas antiquadas
Agora são passagens para olhares modernos
Uma história que não muda, mas se adapta






Um número que não recebe os admiradores
talvez você não aceite a parcela nisso
Eles não escutam uma palavra de você
e não entendem a sua personalidade dissemelhante

Sem vida...
Sem vida...

Procurar é tão espinhoso pelo receio da negação
as características são tão distintas
Que apesar disso, a necessidade se torna primordial
E o padecimento arrebenta a porra da sua cabeça

Tão longe...
Tão longe...







Uma geração marcada por egocêntricos
que se encontram em luzes e sons
O engano permanece inocente, deitado de lado
enquanto o caráter se desfaz em passos e conversas

Por onde o altruísmo esteve?
Tão puro quanto um santo e tão raro como um milagre

Um ombro que carrega os desejos mais íntimos
não sustenta as ações externadas
Um mínimo de coragem alcançada com algumas gotas em uma boca
e os passos se completam em direção à desonestidade

Por onde o amor esteve?
Tão utópico quanto o anarquismo e tão presente como uma saudação

Então é essa a permanência a se contentar
Considere os movimentos negros e se adapte
Lutar contra uma causa perdida é dar um tapa na resistência
Tudo o que se ensina são coleções de corações quebrados

quinta-feira, 27 de novembro de 2014


A solidão é um lugar para acomodar os pensamentos
Onde o silêncio habita, as ideias gritam
Onde o desespero se torna presente, os conceitos se desintegram
Um aperto que narra traumas cicatrizados em memória

É assim que os eventos começam a surgir
Eles cospem muito mais do que as horas exploram
O céu aponta para as coisas que ela disse ou deixou de dizer
E você mantém os problemas em um sorriso sem formas honestas

As pernas quebradas criam um amor irracional
O único erro foi acreditar que aprendemos com os erros
Ilusões são concebidas para matar os desejos
Esperanças são sentidas para rasgar a realidade


É exatamente o mesmo roteiro e protagonista
Diferenças que contornam apenas o coadjuvante
O descontrole passa pelas mãos e percorre o dia
Caindo como o amor que implora pela eternidade

A insegurança é o preço cobrado
por uma infância livre de movimentos maternais
Como eu queria me livrar de uma dependência
colocada em uma perspectiva de carência

Flashbacks que deveriam ser uma suposta aprendizagem
Coleção de falso entendimento
Não há importância em desistir do progresso
quando a certeza sempre esteve esculpida e assinada

Os entes se derramam em luto de lembranças e histórias
tão curto quanto uma chuva de verão
O que foi deixado para trás se tornou mais ríspido
Matamos o tempo como forma de protesto

sábado, 15 de novembro de 2014

Quem nos poderia dizer que sonhos são marcadores de esperanças, quando nos encontramos em um constante funeral de lembranças?

Quem nos poderia garantir que amanhã será consideravelmente melhor do que hoje, já que a realidade é a soma das expectativas e ambições.

Nada tem a capacidade de retirar 24 horas que exploram nossas fraquezas e escondem nossas qualidades. Tornar-se melhor é uma possibilidade, dispensar as péssimas memórias é um fardo.

Relembre os erros cometidos, pois até aquele não intencional tem o seu poder e a sua parcela de sofrimento.

Inverta as ambições pelos sonhos, pois a falsa possibilidade nos permite deslocar-nos da realidade.

domingo, 28 de setembro de 2014

The Short Life of Anne Frank (2001) - Legendado PT-BR



No filme "The short life of Anne Frank" a história da vida de Anne é contada com citações do seu diário, fotografias únicas dos álbuns da família Frank e históricos excertos de filmes. Também inclui a única filmagem com Anne Frank.

O filme é designado para uma audiência tanto de jovens como de adultos e não conta só a história de Anne Frank, do seu diário, da sua família e do anexo secreto mas também da Segunda Grande Guerra e a perseguição dos judeus: tornando-o numa excelente ferramenta para ensinar sobre o holocausto.
Um dos meus maiores medos é o remorso, ainda mais se tratando dos pais.
Sabe, perdê-los e pensar:
- Eu poderia ter feito isso, aquilo; não deveria ter tratado "daquela" forma (grosseira ou indiferente); deveria ter escutado mais, principalmente quando eles se sentiam na necessidade de serem escutados.
Esse é um péssimo sentimento.
Imaginar que quando esse "relacionamento" acabar, tais sentimentos comecem a assombrar/infernizar o dia a dia e nada possa feito.
Por que a merda do remorso é um dos únicos problemas que não se resolvem; é uma das coisas mais cruéis que o ser humano pode carregar.
E o pior é que a natureza das pessoas é agirem dessa forma e só pensarem nele no momento em que estiver escancarado, batendo à sua porta! E lidar com isso, realmente é uma porra; lidar com a expectativa quando a realidade está exposta é uma merda. A gente se perde.
RARAMENTE escrevo aki algo que diz respeito ao que realmente sinto, mas desta vez optei por falar algo para as pessoas que se sentem como eu e, mesmo não havendo nenhuma palavra de conforto, que possa ajudar de alguma forma (a refletir ou não sobre o "remorso do amanhã").

sexta-feira, 22 de agosto de 2014

NOVO DESASTRE

Era noite e um memorial marcava a mente de um homem que era tudo, menos decente.
A escória nasceu na barriga da ingenuidade, sob o fogo de uma vontade temporária que se tornou imprudente.
E a jornada começava em passos tortos, pois desde cedo o verme escutava: “aguente o preconceito”. Mas profundamente ele sabia que essa era a obrigação de qualquer um, menos dele. E isso formou o seu conceito.
Carregue esse chifre e seus ombros se cansarão em breve. Nada nem ninguém muda. Essa era a sua verdade.
Ela se suporta temporariamente. Sua concepção era baseada nesse túmulo de mármore com uma escultura de um anjo que expressava a lamentação da liberdade.
Bastava olhar para o céu negro para perceber que a madrugada sustentava suas ideias mais esperançosas.
Ideias que eram interligadas com curtas perspectivas, mas que logo se perdiam com carências libidinosas.
Ao caminhar pela cidade, a besta o seguia e se escondia atrás do cipreste, utilizando a noite como um pássaro negro.
Demônio, memória, demônio. Este massacrava o seu coração com um punho firme e essa percepção que era a sua desesperação.
Ao caminhar pelo campo, várias folhas secas caíam, representando o que ele acreditava ser uma nova era em sua vida.
A cada queda das folhas uma expectativa nascia, mas essas já estavam mortas, assim como a vontade que “escrupulosamente” seria suicida.
Pessoas conversavam e mantinham o falso interesse como o ponto central de algumas horas de superação e agrado.
História recorrente, composta por questões internas. Um gentil exemplo de um diário de valores que em cada vértice é trocado.
Apenas um milagre em um mundo composto por marionetes para haver um pouco de senso crítico, mas ocorreu um inexato sossego.
Bocas costuradas e mentes ansiosas tornaram o rumo daqueles que eram desesperados e absorviam o mundo com um excesso apego.

Todos jogavam o jogo que não toleravam. Era o novo desastre daqueles que jogavam.
NARCÓTICOS PARA UMA EVASÃO

Os fogos de artifícios explodem em sua cabeça
É a cena que você vivencia, mas não se acostuma
Um troféu que você carrega, mas não se orgulha
Te queima com a mais simples fagulha

Todas as declarações maternas e paternas exemplares
o consumiram em um comportamento intimista
A crença que restou foi passada para o parentesco em segundo grau
E o apego foi comemorado com um lindo castiçal

Depois que o vento da costa levou o seu arquétipo perfeito
A Torre del Oro desabou em suas pedras e materiais fundidos
Uma alusão a um modelo incaível, mas que cedeu através do desnorteamento
A reminiscência é escoltada pelo remorso e arrependimento

A base da aprendizagem foi interrompida por algo que não tem mais volta
O uso afanado de um fármaco sustentou os joelhos provisoriamente
Com a origem no grupo de opióides, a espera era que o tempo fosse paralisado
Mas o fracasso foi iminente, convertendo uma promessa em desencanto

A alternativa foi se conformar com esse estado e despegar do pretérito
Depreender que o tempo reconforta e desconsola ao mesmo tempo
Talvez seja melhor se adaptar ao mundo da inércia e abnegação
Acreditando traiçoeiramente que esta seria um método de abolição

domingo, 20 de julho de 2014

“Quando você vive mais o que gostaria de ser do que realmente é, isto é um sinal de que a realidade é brutal demais para ser encarada por uma perspectiva frontal.
Quando o desejo é maior do que se pode alcançar, o momento da percepção pode causar uma frustração intolerável.
Se o passado for marcado por falsas respostas, decida-se: Siga em frente ou o carregue como uma sombra.
A tolerância é relativa ao estado emocional. Somos mais tolerantes de acordo com as emoções no determinado momento da situação.
Por que viver consiste em almejar o que podemos ser dentro das possibilidades e não em maquiar o que gostaríamos de ser com o que realmente somos.
Entenda que a força das palavras está em suas interpretações e o que existe sem respeito não é digno de consideração muito menos seriedade.”     

domingo, 29 de junho de 2014

ISOLAMENTO

Seguindo inabitado pela estrada, ele será mais um ninguém
Basta a natureza abrir as portas para o mais novo refém
Diga aos mais novos que o sol não vai deixar de se pôr
E aos sábios que o tempo curto será bem empregado

O homem observa um mausoléu e um lindo pinheiro
Há um longo período não existe nenhum movimento do ponteiro
Os sonhos são como peças que não se encaixam
Embora uma imagem projetada cause um leve sorriso

A terra cinza ganha uma cor diferente com a lua melancólica
Sombras percorrem essa personalidade bucólica
Em cada canto vazio tudo está pintado de preto
E o crocitar de um corvo negro anuncia que o desejo se aproxima

A expressão da floresta se encontra saciada
Falsas simpatias surgem a cada irônica piada
Esperando por uma carona que refletisse as cores quentes
Apenas alucinações de uma esperança nunca antes notada

Pensar se é necessário confinar os pés ou prosseguir
Talvez levar à intuição da simplicidade ou meramente desistir
Livre é o homem que mantém o pensamento absterso
E possui uma autoestima sólida que o faz pensar no amanhã

A depressão ecoa entre folhas e troncos mortos
Enquanto você peregrina em passos tortos
A escuridão abriga suas ambições em uma ciranda
Nada é tão cristalino e próspero quanto o córrego que contorna as rochas

Avistando uma torre medieval feita de tijolos
Um sino toca em um mosteiro retendo os seus consolos
A fumaça guiada pelo vento representa uma vida mal seguida
E o final será com cinzas em um vaso ornamentado
“É tão absurdo dizer que um homem não pode amar a mesma mulher toda a vida, quanto dizer que um violinista precisa de diversos violinos para tocar a mesma música.” - Honoré de Balzac

domingo, 9 de março de 2014

O ÚLTIMO ADEUS

Há décadas que respiro através de ajuda
Me disseram que o destino se apresentava através de um polegar levantado
As pessoas dizem como você supostamente deveria ser
Algo sobre os seus ombros sussurra falsas intenções

Poemas em um pedaço de papel azul tornam o amanhã mais melancólico
Poucas coisas foram deixadas para trás, o que te priva de prosseguir
Algumas razões se encontram com escolhas e tornam-se incoerentes
A lua esmaecida caiu em uma alameda

Todas as estações e suas mentiras
Acho que deixarei meus objetivos para trás
Hoje é o dia em que atravessamos a corda
Falsos profetas guiam os inocentes por uma linha estreita

Segure os sorrisos, pois eles logo se tornarão águas salgadas
Um dia memorável para se lembrar com nostalgia
Então você percebe que os seus problemas estão mais embaixo
Suas palavras se tornaram dura o bastante para sentir milhares de facadas em meu peito

Em uma cabeça abusada a sua autoestima foi levada pela vontade
O rei declama palavras carregadas de ódio.
Um dissimulado maior que o próprio ego.
A inocência da manhã é uma terrível agonia

Consigo ver a felicidade nas celebrações
Eu rezo para que o meu nome mude
É uma falsa simpatia que se transforma em isolamento
Passamos perseguindo os anos em redenção

Por favor, acredite na vergonha da falsa solidão
Movendo a dor de um lado para o outro
Disfarçando o equilíbrio que eu mantinha
A evidência de uma ação mal planejada

Criações de um tolo sem existência
Cheguei ao limite até um anjo com uma harpa
É uma forma latente de lidar com o comum
A sua pretensão o levará para um círculo

Me diga que o amor é um vidro que será quebrado
Colocando as mentiras na mesa
Poucos encontram a verdade que vive atrás
O vento sussurra previsões levianas
É tempo de simplesmente partir!
Sim! E sem se despedir!

sexta-feira, 7 de março de 2014

O VEREDICTO

Sonhei com um passado não muito distante.
Em que a insegurança era a continuidade de um amor fracassado.
Entendi o significado dos meus desejos, portanto escolhi deixá-los de lado.

Suas emoções tornaram-se faces desvairadas.
Suas ambições deturparam os fatos e você criou uma concepção ruim sobre mim.

Posso medir a relevância através do seu histórico, mas eu desacreditaria nas pessoas.
O que posso dizer?

Renasci em uma obra desacreditada.
Me tingiram de amarelo ouro e acabei me tornando o abade das palavras.
Me decoraram com uma foice e uma túnica, criando uma fronteira entre minhas posses e objetivos.

O céu vermelho compõe a prisão de uma possível evolução.
E a ordem, uma vez presente, foi queimada com uma porção de alecrim.
Enquanto um Arcangelo toca brevemente uma trombeta causando a sensação de uma paz
taoista que logo foi substituída pela morte de um espírito promissor.
NOVA VISÃO
Ando pelo capão mais escuro
procurando a solidão em cada passo
Caminho em círculos com meu escudo
me resguardando de tudo o que faço

Basta empurrar o meu corpo e minha mente
para julgar a fé como um pensamento positivo
Mas as pessoas dizem sobre o que se sente
quando algo forte é grosseiramente vivo

Eu não pertenço a ninguém,
pois vim da mesma natureza que os demais
A única diferença é o sofrimento que vem
e corrompe quem o traz

Para alguns é entretenimento
Para outros é uma marcha casual
A alma transparece o sentimento perdido
em uma linha meridional

A procissão caminha lentamente
carregando orquídeas como um troféu
Consequência de uma serpente
que envolveu seu pescoço até o céu

terça-feira, 4 de março de 2014



UM LUGAR PARA DEFASAR

Eu olhei para os seus olhos
E vi toda a surpresa
Acordei pensando no coração
e nas cicatrizes causadas por mim

Alguém assoprou a dor para o vento
E ela se foi, uivando com o seu perdão
Eu quero ser eu mesmo e seguir para baixo
Em direção aos meus pedidos mais tímidos

Uma parábola que salvou a sua alma
E te acorrentou nas pernas dos deuses
Eu vi o fogo desistir de consumir o que já foi perdido
Uma memória presente que incomoda o espírito branco

Dois passos, uma mão guia a criança para longe
Não é ela mesma. Já desistiu...
É melhor deixar a mente alcançar o chão
ao invés de corromper os valores tradicionais




domingo, 16 de fevereiro de 2014

DÉJÀ VU

È a mesma desilusão antiga
Um simples déjà vu escrito
Sinal das palavras que você dita
ou se libertam como um grito

Pessoas que puxam sua herança
Entre um olhar ostensível em um tesouro
Prendem as cenas sem esperança
na moleira do menino de ouro

É descomplicado perder o lado certo
quando despencamos a todo o momento
Voltando a ser um feto
em um casual consentimento

Promissões não cumpridas
É uma absoluta exigência
Um cão negro com suas feridas
expõe a sua clemência

O corpo espalhado pelo sol
atesta que o imaculado são formas de delírios
O que importa é que será mantido em formol
e um sepultamento garantido com lírios
KAFKIANO

Em um dia impoluto pude perceber um falcão dourado dançando entre as nuvens.
Expondo minha ingênua alma em uma sensação que não era recente para mim, mas que eu não apreciaria senti-la novamente
Eu não queria mais aquela congregação com as pessoas íntimas que eram, ao mesmo tempo, remotas.
O martírio era conduzir esses lírios brancos, muito menos sentir aquele corrupto cheiro familiar.
Observei atentamente o patriarca e seus herdeiros.
Em cada feição uma sentença era exposta e eu avistava lembranças maviosas, penitências, padecimentos e clemência.
Em suas ponderações distantes, cada pessoa cuidava de si. Internei-me em um casulo escuro como o oceano mais profundo, tentando me ludibriar e forçando a acreditar que estaria me cortejando.
A natureza amputou minhas pernas, me obrigando a me arrastar como carraças.
Tive que me adaptar como um deficiente costuma fazer!
Conciliar a essa variação foi como me unificar a uma posição kafkiana.
Nunca seremos absorvidos pelas divergências com os parasitas genéricos.
ALMA DISSIMULADA

O amor que buscava tornou uma estrela
 E se partiu com todos os sonhos e desejos
O maior anseio era ignorar o que almejava ser
Em troca das notas que poderia ter

O vento assoprou a utopia pela costa dos corais
Talvez fosse o destino, eu suponho
Mesmo destino que fez a chuva cair com o seu perdão
E onde nasceu a desavença e a transformou em uma atuação

Muito tempo foi perdido para trazer a esperança de volta
Com o intuito de tornar sagrado tudo o que foi tocado
A eternidade é breve para cumpri-la com fantasias
Seria como apreciar a lua com ideias vazias

Esperar por algo que nunca vem é alimentar o desengano
Dessa forma, vários parasitas eram vistos a sua volta
Com uma personalidade herdeira das viagens mentais
O que será de uma entidade que se apega a alguns sinais triviais

Mais um dia perdido entre os negativismos nutridos
Repensando em novas formas de deturpar a realidade
Com o objetivo de matar o tempo, rastejou até uma praça
Fixou-se em um banco rústico que o fizesse pensar em sua farsa

As velhas notícias eram deixadas com a máscara caída de um palhaço
Um cigarro queimava por inteiro sem um miserável trago
E a fumaça branca formava uma nuvem em momento inconsequente
Era um estado emocional credor de uma intervenção iminente
INSIGHT

Tomando uma cartela com comprimidos brancos
que se parecem com mentos
Mas nada acontece, pois seu organismo se habituou
a esse ato descompensado

As suas veias estão congeladas
Os membros amoleceram como o seu coração
O ponteiro queima mais lentamente
É o tempo colocado em uma perspectiva diferente

Os seus problemas são como coleções
Organizadas e legendadas
Tudo o que você deseja é a indulgência dos céus
pois o seu nome será grafado em um sepulcro

Um ladrão roubou uma mensagem do sol
Tudo está tão longe e ruim
Você espera a confirmação da bravura
 para progredir com esse esboço

O ritual é uma mera atração corriqueira
É o circo da arma apontada para a própria cabeça
As dificuldades se cobrem com as névoas
e as palavras sussurradas são caóticas

O outono derrubou a sua ambição
e as folhas foram varridas pela corrente do sul
Expondo um túmulo com uma imagem sacra de bronze
e o seu nome grafado em cima de uma data

segunda-feira, 10 de fevereiro de 2014

SR. ESQUIZO

Chore pela ajuda e crueldade
O lunático se ergue através da idade
Em sua sabedoria faça-os entender
Solte suas mãos e deixe de absorver

Sete anjos dançavam no sol da manhã
tocando suas harpas com entusiasmo
É um mundo ilusionista e fatal
Quando o que é real é deixado de lado

Vozes e percepções irreais eram a sua guerra
Delírios intimistas de quem se enterra
A lua rosa diz que seria sensato preparar uma corda
para romper um esgotamento que transborda

Ao lado de uma árvore com lantejoulas penduradas
um homem branco batizava seu nome de Sr. Drake
E a procissão das almas passava com velas nas mãos
À medida que os sinos da igreja retumbavam

Um escapulário de ouro não servia mais como armadura
Foi deixado formosamente ao lado de uma sepultura
Um jovem Lariço foi escolhido para se pendurar
Seria como um lustre de ossos para se observar

sábado, 8 de fevereiro de 2014

PERMANÊNCIA E CERNE

As memórias e ambições deixadas de lado
eram a gélida distância em um pensamento antiquado
O que se perpetuou em um lago de lágrimas
acabou se revertendo em um azul pálido

O presságio do anseio pela solidão
se tornou a engrenagem do tempo de um ancião
O orgulho se perdeu em uma nuvem de perspectivas
Apenas por um momento o caminho foi encontrado

A sociedade foi mentalmente deslocada
e os pretextos foram a permanência demarcada
Uma coleção de destinos desvendados
 foi o último ato dos quesitos passados

O egocentrismo nunca escapou do desapontamento
e esperar por algo que nunca vem se converte em abatimento
O pecado do cerne alimenta e domina os debilitados
Enquanto a compaixão conserva aqueles que foram abandonados

Essas sensações são como caminhar em um bosque distante
Uma calmaria que transforma algo atraente em um trágico instante
O embate entre o céu e o inferno reina entre os homens
Foices e cajados porfiavam por uma verdade que nunca existirá

sexta-feira, 7 de fevereiro de 2014

CERIMÔNIA

O olhar fantasmagórico procura por novas intenções
Algo esteve clamando pela coerência
De volta à lama, o lugar de onde nunca deveria ter saído
As pessoas resignam para atender às expectativas

Espere até escurecer para a cicatriz surgir como uma pintura
O silêncio vai ser a expressão dos seus passos
Não existe nenhum herói para modelar esse monólogo
O que existe ainda é a ponta de um cigarro que não foi apagado

Andando pelo cânion, a simpatia reinava e dava voltas
Voltas como o seu humor sempre deu
Ele esteve fora durante algum tempo
É um fato!

Se você soubesse como era viver sem companhia
Talvez tivesse se esforçado mais para resolver seus problemas
Talvez tivesse enfiado uma estaca na teimosia para repensar em tudo
Agora é melhor segurar a respiração e aceitar as coisas como realmente são

O caminho é longo e não há como roubá-lo através de trilhas
O que você está fazendo se enforcando dessa maneira?
As coisas vão ficar da forma que sempre estiveram
O que você decidir agora provavelmente vai ser bom
SÃO VÍTOR

Os vestígios são os fardos de uma mente cansada
E a vértice levanta o que é crucial e descartável
Um rosto enrugado pela amargura dos anos
Conexões que nos fazem admirar a distância

Os erros foram cometidos por uma visão míope
Algo que nunca foi compreendido para ser aceito
Um cão negro se encontra imóvel em uma porta
e observa um senhor enfermo sendo cuidado

O senhor não entendia que os sonhos são falsas perspectivas
Sendo válidos apenas para aqueles conseguem realizá-los
Apenas saltitava durante a dança de São Vítor
Mas sem conhecer os primórdios desse infortúnio

Para ele, dormir era adiar o seu padecimento
Mesmo que por algumas horas
Uma enfermeira conduzia uma bandeja de prata
Existia algo naquela bandeja que pertencia ao grupo dos opióides

Nada mais funcionava no seu corpo esgotado
Eis que o cão negro eclodia novamente
Aproximou-se até o velho e lambeu sua face
Trancando eternamente os olhos que um dia brilharam

quarta-feira, 5 de fevereiro de 2014

7

7 anjos tocam trombetas com graça
Dançando entre os pássaros de fogo que planavam
Suas vestes celestiais se unificavam aos ventos
Tornando o céu benemerente de encantamentos

O lírio alimenta docemente a primavera
E as folhas despencam como a chuva
Inferência da paz celestial libertada pelos anjos
que apontavam os seus instrumentos sem desarranjos

Um ancião alçava um cálice de vinho
Tragando e felicitando por essa visão invulgar
Uma condição singular para um octogenário
que ao ver os anjos, tombava o seu cálice encantado

O velho ergueu seu cajado e se levantou
E com uma jovialidade há tempos escassa
Olhou para o céu e rezou para se tornar parte daquele momento
Pois o que o interessava era se acoplar aos anjos naquele livramento
O POMAR DOURADO

Em uma torre apontada para o norte
um sino de bronze ressoava pontualmente
Era o comunicado da reunião dos monges
As velas iluminavam os corredores de pedra

Peregrinavam para a igreja com suas vestes monásticas
Acostumados com os ornamentos de ouro e prata
No jardim, o vento ressonava como cantos gregorianos
E um falcão planava entre as cordilheiras

Os monges mais altaneiros utilizavam uma cruz ansata
Seguindo o legado da escrita hieroglífica egípcia
Numerosas imposições amofinava o monge Amrrique
O abade era visto como um tirano chauvinista

As orações não asseguravam mais Amrrique
Eram como sentenças soltas e incongruentes
O monge adotou uma postura enérgica
E retirou dos seus aposentos a Cruz de São Pedro

Carregando sua cruz e estimulado pelo abade
que era visto utilizando um círculo com um ponto no centro
Caminhou até um pomar envolto em carvalhos
e pronunciou-se a inserir seu nome perpetuamente em uma pedra

domingo, 19 de janeiro de 2014

Se o amor fosse tão puro como dizem, nós não esperaríamos nada em troca
Casos excepcionais fogem da natureza humana da reciprocidade
O amor é um estado internalizado maquiado por ações externas
Espelhar-se nas expectativas é um passo conciso para uma decepção
Aspecto do óbvio ululante!
O amor tem o seu preço. E é dispendioso!
Talvez devêssemos buscar o amor solidário, embora em sua maior parte,
venha carregado, parcialmente carregado, pela troca de sentimentos e admirações 

sábado, 18 de janeiro de 2014

Seguindo pela estrada, tudo ficará bem
Basta abrir as portas para o mais novo refém
Diga aos mais novos que o sol não vai deixar de se pôr
E aos sábios que o tempo curto será bem empregado

O homem observa um mausoléu e um lindo pinheiro
Há um longo período não existe nenhum movimento do ponteiro
Os sonhos são como peças que não se acomodam
 Embora uma imagem projetada cause um leve sorriso

A terra cinza ganha uma cor diferente com a lua melancólica
Sombras percorrem essa personalidade bucólica
Em cada canto vazio tudo está pintado de preto
E o crocitar de um corvo negro anuncia que o desejo se aproxima

A expressão da floresta se encontra saciada
Falsas simpatias surgem a cada porra de piada
Esperando por uma carona que refletisse as cores quentes
Apenas alucinações de uma esperança nunca antes notada

Pensar se é necessário estancar os pés ou prosseguir
Leva à intuição da simplicidade de se desistir
Livre é o homem que mantém o pensamento limpo
E possui uma autoestima sólida que o faz pensar no amanhã

A depressão ecoa entre folhas e troncos mortos
Enquanto você peregrina em passos tortos
A escuridão abriga suas ambições em uma ciranda
 Nada é tão cristalino quanto o córrego que contorna as rochas


Avistando uma torre medieval feita de tijolos
Um sino toca em um mosteiro retendo os seus consolos
A fumaça guiada pelo vento representa uma vida mal seguida
E o final será com cinzas em um vaso ornamentado